20 de mar. de 2012

Corinligans

Adoro neologismos. Eles regeram e regeneram fenômenos que evoluíram segundo as mudanças do meio. Um termo novo além de carregar todo o background de seu correlativo, ainda traz consigo novas forças, novas potências. Estes novos termos redefinirão o Zeitgeist de cada época.
O assunto aqui é futebol e participação da população na política. Por isso o neologismo: Corinligans. Ele é uma fusão entre o nome do time paulista com os conhecidos torcedores Hooligans britânicos. Com nuances regionais, diga-se de passagem. No entanto, esta fusão traz consigo uma carga psicossocial muito profunda ao meu ver. Ela vem crescendo e o pior: fazendo escola.
Há muito que o brasileiro faz greve, faz passeata ou algum outro tipo de "boca no trombone" para questões pontuais. Por exemplo, acho linda a iniciativa de uma organização incentivar a obediência às leis de trânsito com peças de teatro. Pena que a significância se dará na intensidade do momento apenas. O hipocampo não registrará as informações por muito tempo, visto que não são hábitos e não estarão relacionadas com nenhum caso traumático, até que este venha a acontecer. O brasileiro, há muito, não faz nenhum tipo de revolta armada, organizada como a revolta dos "18 do Forte". Isto mesmo. Dezoito pessoas querendo derrubar o poder. Dezessete militares e um civil. Hoje, caso acontecesse algo semelhante, seria um prato cheio para as piadas do CQC. O Brasil se irrita, mas não se revolta. Não? Revolta sim, mas por outra força.
A elite que "pensa", que reflete e se indigna com a atual situação amoral da política brasileira caracteriza-se por uma "arma" que eles consideram muito poderosa: os e mails conscientizadores. Tão conscientizadores quanto reclame de maço de cigarros. Mas, como esta elite mesma atesta, fazem sua parte. Você é que não faz a sua. Tirando esta elite que vive na Matrix da TI, em geral o povo brasileiro conhece muito de futebol e pouquíssimo de política (seria porque não existe mais OSPB e Moral e Cívica nas Escolas?). Sabemos qual técnico é a bola da vez, qual jogador tem o melhor penteado e aparece mais na tevê, conhecemos táticas e técnicas e resolvemos o problema do nosso time no espaço de um corte de cabelo. Discutimos, defendemos e atacamos num debate acalorado como se estivéssemos jogando profissionalmente. Somos expert quando o assunto é futebol.
Política? Palavra maculada. Hoje sinal de corrupção, maracutaia, roubalheira entre outras alcunhas. Falar de política é falar de políticos, embora a relação não seja tão direta quanto se pensa. Mas é o que aparece, o que dá IBOPE. Propina e suborno com o dinheiro público. Ações judiciais que demoram anos para serem executadas, fazem-nos esquecer das maracutaias antigas. Aí surgem novas todos os dias. Então, qual seria o propósito de se entender de política? Não há técnicos salvadores, não há políticos habilidosos no trato com a bola (ou seria o bolo), que melhorem a situação. Cada milhão roubado equivale a um hospital a menos, uma escola pública mal aparelhada e por aí vai. Mas Escola não tem mais importância pro futuro e hospitais só são realmente importantes quando precisamos deles. E a nação da bola não consegue associar a precariedade da saúde com o roubo e a propina.
Corinligans. Corintianos Hooligans. Eles vêm aparecendo no cenário sociopolítico brasileiro. Sim, porque o futebol é a verdadeira prática política de nosso país. Estes e outros equivalem aos dezoito "mil" do Forte. O enfrentamento pela violência vem aumentando a passos largos. Isto porque sabemos muito de futebol e pouco de política. Outros aparecerão. Fruto do orgulho de ser torcedor. Orgulho, vaidade. Tudo é vaidade e como correr atrás do vento.

Um comentário:

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