8 de jun. de 2011

De Novo...De Novo...De Novo...

Os Teletubbies eternizaram esta frase. Um pedido. Uma súplica. A repetição de algo que proporciona prazer. O programa era um genial chamariz de pato para o público ainda pouco explorado: bebês e crianças até 5 anos. Talvez pouco explorado porque a tecnologia da comunicação não encontrou um jeito de fazer com que a criança expresse sua vontade de maneira que o pai entenda. Não o programa, mas os produtos gerados por este. O que ocorre é que a criança ficava em estado zen quando assistia quatro bonecos introduzindo desenhos animados e fazendo peraltices. Os pais é que, movidos pelo entusiasmo do bebê (que dava 30 minutos de descanso para babás) compravam produtos ligados a eles. O colorido vivo, a presença de bichinhos de estimação, o sol e os rostos felizes eram um simulacro da vida paradisíaca de uma criança.
De novo. Melhor seria "novamente". Crianças adoram assistir ao mesmo filme várias vezes. O cérebro está apenas treinando a linearidade do pensamento, da narrativa histórica simples. Ainda demorará muito para que a sociedade crie um tipo de pensamento não-linear, como Paul Veyne advoga na "História da Vida Privada". Bem, a repetição é então, sinônimo de prazer garantido.
A Política da brasilândia tem um histórico de repetições. Repetições de personagens, de atores sociais, que mudam apenas de partido ou discurso, conforme a direção do vento. Há políticos que já foram execrados pela esquerda carnavalesca carmesin e hoje são defensores acirrados dos ex-inimigos. Nomes conhecidos. Velhas práticas e novos discursos. De novo.
Escolher aquele que aparece repetidas vezes pode ter uma ação compensatória do cérebro. Não se gasta energia pesquisando qual político fez isto ou aquilo. Essa energia só é despendida quando a oposição não gosta da escolha de determinada figurinha repetida para cargos como a Casa Civil, por exemplo. Isto me lembra a narrativa do Nome da Rosa, onde o bibliotecário era o aspirante a abade, quando este morresse. O Chefe da Casa Civil pode ser o sucessor da Presidência.
E a tática usada foi o "de novo" teletubbiano. O ator social em questão já havia sido demitido por desconfianças de ações espúrias no passado lulatório. Agora, no início do ano, foi escolhido novamente. Se é uma estratégia, é genial, porque meus sensores de aranha só conseguem imaginar que se dá a cara para tomar tapa. Oferecendo todas as faces.
A oposição dos anos 2000 desenvolveu uma nova habilidade que pode ser adicionada ao campo político brasilândico: a fuçação. Até agora não possuíam munição suficiente para atacar o governo. Fuçaram. E encontraram. De novo... de novo...
Pergunto-me, absorto em elucubrações filosóficas, se novos personagens surgirão no mundo político ou continuaremos a ver profissionais do entretenimento sendo eleitos e continuar ganhando muito e fazendo muito...pouco...de novo...de novo.
Parafraseando em franco trocadilho com o nome do mais novo desempregado do mundo político, cito uma frase, muito conveniente aqui, de São Vicente Pallotti, escola particular onde estudei no ensino fundamental e aprendi a odiar tudo o que é evento formal: "A pessoa que se propõe metas a alcançar, vive de maneira mais consciente. Deste modo, ela consegue ver para além dos acontecimentos diários e é capaz de ordenar melhor o que lhe acontece". Fica aqui a sugestão para nossa presidenta.