8 de mar. de 2012

Elas

Não há poesia que as descrevam com maestria. Não há corrente filosófica que as conceituem no todo. Não há ciência que as definam. E não há música que as contemple, a contento. Dessarte autores que venham a ousar comparar o Elas com o Universo, com prazer eu discorreria aquinianamente sobre o fato de serem um buraco negro supermassivo. Ninguém sabe exatamente o que está do outro lado daquele blush.
Elas comandam o espetáculo. Aliás, só existem em função de um espetáculo. Toda a indústria voltada para o feminino cria e recria o espetacular. O pódio de geradora da vida foi agora ampliado para o pódio "bolachinha dez do pacote", relegando-nos, na mídia, a meros observadores.
Alguns passam anos tentando entendê-las. Quanto mais entendem, menos conseguem conviver. Os que conseguem conviver, é porque desistiram de entendê-las. Mas aí entra outro mecanismo maravilhoso de defesa fantástica: elas passam a não conseguir conviver com elas mesmas. Melhor fazer com elas aquilo que o grande artista, que conviveu com seis, quase ao mesmo tempo, disse e fez: "A arte moderna é como a mulher: se tentar entendê-la, jamais conseguirá apreciá-la" (Pablo, aquele...do Picasso)
Fórmulas. Os tradicionalistas apostam na velha prática misógina do protecionismo machista. Este animalzinho arisco até vale-se desta prática quando bem lhe aprouve. Mas logo, logo vem a força reativa do "grosso, manipulador". A imprevisibilidade, assim como mimetismo nos camaleões, é a principal arma de defesa do Elas. Os mais liberais, moderninhos, apostam na "igualdade". Ouvem, compreendem, auxiliam, mantém distância "naqueles dias", tentam agradar a todo custo e não são possessivos. Até o início da década de 1980 parecia ser a fórmula definitiva para conviver com Elas. Ledo engano, De dentro do buraco negro sai uma outra luz reativa do "homem que ama tem ciúme, protege a mulher". Não há fórmulas, e sim, percepções.
Freud perguntava-se "o que quer a mulher". Foi a via equivocada. Ele propôs entender o que queria um filho (a sua mãe), mas quanto ao Elas, ficou devendo. Nadarei contra a corrente e, sem medo de errar, direi o que Elas NÃO querem.
Relacionamentos. Elas NÃO querem homens bonitos. Esta máxima passa a valer a partir do momento que elas passaram por vários desapontamentos em relação aos melhores genes, mesmo porque esses genes têm a odiosa mania de querer mesclar-se com muitos outros, ao invés de ficar com um invólucro genético apenas (Elas). O que sobra? Homens inteligentes. Outra ilusão. Na maioria das vezes, homens inteligentes são chatos, pedantes e egocêntricos, transformando a vida dElas num personal hell. Mas tentemos observar o comportamento da zona de eventos desse buraco negro: trocamos o conceito inteligente por seguro e tudo fica mais claro. Homem seguro, de personalidade. Ajuda muito se este invólucro genético também for desejado por outras Elas. Uma parte visível desse buraco negro denota que Elas, fêmeas, são caçadoras. A seu modo.
Vida Profissional. Elas NÃO querem ser discriminadas. Igualdade sim, disparidade não. Isto até conquistarem o que projetaram e passar a ganhar bem mais do que nós no mesmo ramo de atividade. É o fardo do devir. Ser eternamente coitadinho até que habite no mesmo território, deixe de ser devir e passe a exercer poder. Não querem assumir a casa sozinhas, precisam de nós, mas metem o pitaco em tudo o que fizemos e noventa e nove por cento, fazemos de modo errado. Afinal, são milhares de anos de experiência doméstica.
Vida pessoal. Elas NÃO querem, de jeito maneira que nós sequer cogitemos saber de suas privacidades. Mas também NÃO admitem ficar longe da nossa. Dão diretrizes para tudo, mas não liberam as bissetrizes. Usam-nas como arma de pressão.
Um buraco negro na nossa vida. Inefáveis, insondáveis, espertas, matreiras. Não há como escapar. Assim como os buracos negros, são a outra força magnética mais forte do Universo. Sugam as luzes da ribalta, puxando o espetáculo para si. E numa sociedade de conveniências, isto é bom, para alguns...
Junto com o Dia Internacional da Mulher, vivemos o dia Mundial do rim. Nossos rins agradecem a força que elas fazem para que estes filtrem cada vez menos, a água de nossas cervejas.
"Mulher virtuosa, quem a achará?". Hoje em dia, ninguém.

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