13 de dez. de 2011

CARTA AO PAPAI NOEL

Não, Papai Noel. Desta vez não pedirei carrinho de bombeiro. Eu cresci. Meus desejos também cresceram. E ademais, as crianças não sonham mais em ser bombeiros ou pilotos de caça para defender o país dos comunistas. As crianças de hoje são mais realistas. Sonham em ser um Peter Punk e ter uma banda como a Rock Bones, ou sonham em ser como o Neymar, mesmo que elas não saibam direito o que o seu herói faz com as modelos. Falando nisso, as barbies perdem espaço para kits de maquiagem e vales-corte de cabelo. Meninas não sonham mais em ser modelos. Elas querem ser modelo no agora. Ser modelo e jogador de futebol só depende de vetores que você, Papai Noel, não precisa dar de Natal.
Minha cartinha, bom velhinho, faz pedidos fáceis de realizar. Nem precisarás explorar os pobres gnomos que fabricam sem parar nesta época do ano. E, mesmo porque no pólo norte deve ser difícil de aparecer algum fiscal do trabalho. Foste esperto, by the way...
Desejo pouca coisa. Peço pra ti que faça com que as pessoas não se apresentem na defensiva e deem uma chance de conhecer melhor alguém estranho. Peço pra ti que os seres humanos busquem um comportamento amigável e que se desliguem um pouco do trabalho extenuante e pensem mais nas pessoas próximas que as amam. Que parem de reclamar e vão à luta para conquistar seus sonhos. Que promovam uma índole pacífica e não usem automóveis como arma de destruição em massa. Que bebam, mas que peguem um táxi e deixem o carro em casa, pra variar. Peço que o mundo pare um pouco e reflita sobre o que seremos num futuro próximo. Um uso mais consciente dos recursos naturais e uma convivência equilibrada com a natureza. Peço que os vizinhos de um mesmo condomínio cumprimentem-se com um simples "bom dia", e se fizerem algo que possa ter prejudicado outrem, um simples "desculpe" já basta.
São desejos, talvez nutridos por sonhos. E, Papai Noel, que se veste de vermelho e obviamente torce para o mesmo time que eu (nossa única identificação), não peço essas coisas pra mim. Peço por minhas filhas, e por bilhões de filhos e filhas que habitarão este mundo depois que eu for embora dele. Não é muito, é só uma pequena mudança de atitude e, consequentemente, de pensamento.
Mas eu sei. Minha carta ficará jogada no meio de muitas e não será atendida. Foi o que aconteceu na minha primeira carta. Pedi um carrinho de bombeiro, daqueles que levanta sozinho a magirus. Ganhei um Forte-Apache. Sempre ganhava um Forte Apache. Não me atendeu. Mas foi bom. Eu cresci e descobri o que realmente acontece no Natal.
É uma estratégia tua, Papai Noel. Tu não atenderás o meu pedido por uma questão muito simples: se o mundo for um lugar melhor para se viver, as crianças não pedirão obsessivas, um novo game ou tablet. Se as pessoas se respeitarem mais e o mundo ficar menos violento, a sociedade não precisará da fuga do consumismo patológico. Aí tu não serás mais necessário nos shoppings. O natal passará a ser o que era, uma história religiosa. Bem esperto, velhinho barbudo.
Encerro minha carta com um protesto. Que se acabe com o monopólio do entregador de presentes. O mercado sem concorrência não evolui. E tu, Papai Noel, monopoliza a entrega de presentes. E não atende a todos os pedidos. Quem sabe a criação de alguma "Mãe Katiúscia", ou algum "Titio Horácio" não te faça mais competente e eficiente?
Quem sabe...
Um sindicato dos EPN (Entregadores de Presentes Natalinos) até que não seria uma má ideia.

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