25 de mai. de 2011

PL 122 ou UMA PEDRA NO SAPATO

Parece prefixo de avião teco-teco. PL 122. Daqueles que vemos no litoral, levando de rabeta uma faixa que poucos lêem e os que lêem não dão tanta bola assim. Falando em bola, o Projeto de Lei nº. 122 é uma bola de pelos para alguns setores sociais.
O mais curioso de tudo é: quando há votação para o salário mínimo, não se vê mobilização social tão grande quanto esta que vemos agora, com a PL 122. Entenda-se mobilização social como a gama de e mails que um classe média recebe tentando "conscientizar" a população que lê (mas nem sempre compreende) dado um fato novo de nosso dileto e sacrossanto governo. Talvez porque ninguém mais ganhe salário mínimo, e isto só exista na minha cabeça. E vá saber. Quem o recebe não lê e mails. Nem ler direito sabe, e se lê, por conta do analfabetismo funcional que assola nosso país, obviamente não entende. Votação do salário mínimo não dá e mail.
Mas homossexualismo dá. Lembro perfeitamente de ter lido numa revista, uma entrevista com um ator global famosíssimo considerado ícone do Macho brasileiro. Ele dizia ser gay. Gay era uma palavra nova e diferenciava com certo glamour o termo pejorativo "viado" (que não vem do animal, que inclusive é muito macho, pois tem harém). Viado, putão, bichona, eram termos que segregavam uma classe cuja ORIENTAÇÃO sexual era homoerótica. Então, alguém se dizer "gay" era chique. Ainda mais no meio artístico.
Bem, os anos noventa vieram e o papo era o transexualismo. A tecnologia que muda o sexo. Novidade. Causou frisson. Mas como era muito caro, não dava IBOPE. Hoje, pode-se fazer uma cirurgia de troca de sexo pelo SUS. E pensar que uma consulta pra quem está com aquela dorzinha de estômago que não pára nunca, leva até dois meses.
O novo milênio entrou com tudo. Casais gays saíram do armário e foram morar junto. Assumiram. Fora barracos em condomínios, tudo bem. Mas isto faz parte da cultura da classe média pós moderna. Tentar ser chique mas não negar a origem do bairro pobre. E, claro, estes casais começaram a requerer tudo o que um casal tradicional pode ter, pela Constituição: filhos, estabilidade, herança, etc...
Nada mais normal. Acontece que o normal está na prática. Quando vira lei, forças reativas da sociedade, calcadas em tábuas com mandamentos e frases de efeito, aí a coisa encrespa. Por que? Porque vira instituição. E aí ninguém mais pode falar nada. E a PL 122 é justamente isto. Um avião que muitos não querem que voe, mesmo que esteja com o motor ligado há muito tempo.
Acho que está na hora de avisar a população leiga que Estado e Igreja estão, desde a Revolução Francesa, separados entre si e, que esta não deve interferir naquele. Ou mesmo, seguir passagens como "toda autoridade vem de Deus". Ao menos isto. E deixar que o Estado seja o provedor social de tais possibilidades, como a união estável e o casamento entre pessoas de mesma ORIENTAÇÃO sexual.
Quem sabe poderíamos canalizar nossa força reativa diante das coisas governamentais reivindicando uma jornada menor de trabalho e salários mais dignos para os trabalhadores? Na Europa, isto aconteceu nos anos setenta. Lembro-me perfeitamente disto. Quem sabe não poderíamos mandar mais e mails e tentar "conscientizar" a sociedade que lê e entende o que é lido, de limitar os ganhos dos políticos? Que concursados não possuam mais a tão famosa estabilidade e que isto seja realmente cumprido?
Os homossexuais são minoria na sociedade. Merecem respeito. E respeitar também é criar leis que os protejam. Sou hetero, mas isto não é motivo de orgulho, pois não estabelece nível de qualidade sobre quem é gay. Se a sociedade for toda gay, algum dia, serei minoria, e lutarei pelos meus direitos também.
Aqueles que vivem sobre a égide de leis espirituais que o sejam. Apenas deixem a história seguir seu rumo.

2 comentários:

  1. palmas, meu amigo...muitas palmas para ti..



    abraço

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  2. Salve!
    Quem sabe poderíamos canalizar para a Educação...
    Triste espetáculo.
    Abraços e congratulações.

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